quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

o velório




Aquela cidadezinha do interior estava triste, um trágico acidente havia levado a morte de uma linda jovem.
Na casa da família aglomeravam-se centenas de pessoas no velório, algumas senhoras desconsoladas choravam alto.
 Os pais conversavam com as pessoas repetindo a história do acontecido mais uma vez, estavam cansados de falar a mesma coisa o tempo todo, e como era doloroso contar como a filha havia falecido.
As jovens amigas eram só prantos, não entendiam como poderia alguém tão bom partir assim, existem pessoas tão más por aí que se morresse nem sentiríamos falta. – desabafavam.
Uma garota ruiva sentada num banquinho sentia um pouco de tristeza por ter perdido a colega, mas pensava na possibilidade de agora poder finalmente conquistar o namorado dela, agora ele está livre, é a minha chance. - pensava consigo.
O rapaz tímido com espinhas por toda a face viu a garota por quem era apaixonado chorando sozinha no cantinho da janela, aproveitou o momento e se aproximou oferecendo seu lenço, mas o que ganhou foi mais do que isso, a moça o abraçou forte e chorou no seu ombro. Para o tímido este momento foi inesquecível, sentir o perfume daquela princesa, o seu respirar tão próximo foi mágico, se tivesse coragem se declarava ali mesmo.
Em volta da fogueira que foi erguida para espantar o frio da noite dois fazendeiros da região estavam sentados na mesma tora de madeira que era um banco improvisado, os dois eram inimigos, mas naquela noite voltaram a se falar depois de décadas de brigas, eles eram amigos da família.
Do outro lado da fogueira as crianças não brincavam como de costume, estavam cabisbaixas e evitavam conversa, quase todos com exceção de um.
 Havia um garoto que sorria como se tivesse ganhado na loteria, ele comia bolacha, bolo, chá e café com leite, era Alex, ele havia sido abandonado pela mãe. Seu pai, um garimpeiro, estava falido e trabalhava a muitos quilômetros de distância, o pequeno ficava sozinho na casa sem nada na dispensa. Era o terceiro dia que não tinha uma refeição decente e aquele velório estava sendo para ele uma oportunidade para poder encher a barriga.
Se olharmos ao nosso lado com profundidade podemos notar que muita coisa boa acontece, mesmo que a primeira vista tudo pareça escuridão.

2 comentários:

  1. O seu belo post nos remete a reflexão, onde tudo é uma questão de ponto de vista,tudo depende de como você enxerga o mundo.A pergunta em suspenso seria.Como estamos vendo nosso mundo agora?Abraço carinhoso:-BYJOTAN.

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  2. Ahhh, eu sempre digo pra mim, e pros outros, ante algum infortúnio, ou das naturais dificuldades do caminho: Tudo depende de que lado nos colocamos na vida. A história que vc contou é bem um exemplo disso. A questão do ponto de vista é que até isso, depende da vista do ponto...
    Gostei de vir aqui. Voltarei!
    Feliz Ano novo, Vilson!
    Abraços....

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