Carnaval

Nelson detestava carnaval, coisa de gente que não tem o que fazer, dizia ele. Era sábado de carnaval e ele precisava sacar um dinheiro no caixa eletrônico do banco, que por sinal ficava em frente à pracinha, justamente onde os blocos se reuniam.

Ele pisava fundo, pois já eram quase dez horas e o banco trava as portas nesse horário, ainda bem que o carro corria, pois era zero quilometro, não era dele, era da firma e não estava nem com o adesivo do logo da empresa.

Chegou ao banco sacou o dinheiro e antes de tirar o cartão o terminal avisou que as portas do banco iriam travar em um minuto, tirou o cartão, pegou a carteira e correu, quando passou para o lado de fora escutou o barulho das travas, fechando as portas.

Ufa! Esta foi por pouco. Pensou ele, mas ao olhar para dentro do banco viu as chaves do carro ao lado do caixa eletrônico.

            Que problema ele tinha nas mãos, quando as portas se abrissem as 6 da manhã o primeiro cliente que entrasse na agência acharia a chave e o carro estacionado exatamente na frente da agência seria um convite ao roubo, deixar o carro na rua com aquele monte de gente pulando carnaval seria muito perigoso, e se alguém riscasse o carro novo?

            Não teve dúvidas, foi a pé até a sua casa, emprestou o carro do irmão, estacionou atrás do carro da firma na frente da agência e dormiu ali mesmo ate o banco abrir, na verdade não dormiu, nem sequer pregou o olho com aquele barulho todo na praça.

            Carnaval às vezes é como colega de trabalho chato, mesmo não gostando dele as vezes temos que suportar.