o Rambo

A casinha na periferia era incompleta, ela não tinha quintal, suas paredes sem reboco, na sala a janela não tinha todos os vidros, o telhado que era de amianto aquecia demais nos dias quentes  e quando chovia era necessário colocar panelas e baldes no chão para que segurar os pingos . No chão de contra piso da sala podia se ver uma mesinha feita de MDF, que imitava madeira e sobre ela uma TV de LCD de 50 polegadas.

  A frente da TV um sofá macio com acabamento muito bem trabalhado e sentado sobre ele um homem de aparência sofrida assistia ao jornal:

-Um homem de 34 anos matou três pessoas e se suicidou no Colégio Quintal Verde nesta manhã. – informava o jornal.

-Este mundo está perdido, não dá nem gosto assistir o jornal, só aparece desgraça, morte e tudo mais. Eu vou é assistir outra coisa.

Com cuidado ele tira o DVD do Rambo da caixinha, limpa com a camiseta e coloca no aparelho, na tela da TV o personagem “herói” com uma metralhadora dizima um grupo de soldados e sangue se espalha por todos os lados.

O homem volta a se sentar no sofá confortável e esboça um sorriso de contentamento.

Os programas de TV que fazem sucesso são reflexos da aprovação popular, quando estes personagens fictícios teimam em fazer parte da vida real a população desaprova.


crédito da imagem:eduardoalmeida.wordpress.com